grindcore morto

Napalm Death: Uma homenagem mais que merecida

Por ocasião do lançamento de "Siege of Grind: A Brazilian Tribute to Napalm Death", uma resenha bem legal na página Música e Cinema, por Ricardo Costa

[ E, puxa!, qualquer banda que recebesse o tipo de crítica que recebemos nessa resenha postaria um print disso! ]
[tem mais resenhas e entrevistas AQUI]

--- CASAS BAHIA e RACISMO ---

AINDA SOBRE O RACISMO TÃO ESTRUTURADO NO BRASIL, 
e pra que venha ao conhecimento de tantos quanto possível...

Marcos Felinto é um musicista de talento difícil de mensurar - dentre seus muitos projetos musicais , por exemplo, há o incrível NOALA. Também é um excelente fotógrafo e educador em ONG e mais um porrilhão de outras coisas. 
Contudo, Marcos não se alinha no "eixão": homem/branco/heterossexual/burguês/cristão.
Compartilhamos então, o relato dele sobre o difícil momento que lhe aconteceu e que certamente já pegou muitos por aqui (ou ocorridos semelhantes...).

Chega ser difícil de categorizar, a coisa toda vai sendo disparada por gente que praticamente está em nosso mesmo patamar, que já sofreu, sofre ou vai sofre a mesma agrura.
É disparada por eles, mas arquitetada por gente montada nas costas deles...

E o que acho MAIS FODA ainda é que tudo vai acabar recorrendo, tudo vai acabar novamente partindo DAS MESMAS PESSOAS, do mesmo modo, durante muito tempo ainda e sob as mesmas supostas desculpas...

Marcos soube bem interpelar ao cara, tem orientação e boa estrutura emocional, cultural, educacional, política... ainda bem que compartilhou isso inclusive! Para servir de referência aos demais e tudo o mais... mas dá até tristeza imaginar o quanto isso ocorre diariamente, constantemente...
É complicado saber o que fazer no instante em que percebe que está dentro da boca de um retrocesso, um monstro que deveria estar morto há tempos...



CASAS BAHIA - Dedicação total a você ???
Este texto relata uma situação de exposição racismo que ocorreu comigo há uma semana atrás em uma das lojas da rede Casas Bahia, aonde também está situada a ong para a qual presto serviços. Durante a semana trabalho em outro local, como educador, mas uma vez por semana vou ao escritório da ong prestas contas e realizar planejamento.
A ong esta situada no prédio das Casas Bahia, da Xavier de Toledo, centro de São Paulo e o acesso para a mesma, para a loja e para administrativo da loja se faz pelos mesmos elevadores.
Desde que entrei neste trabalho sou barrado por seguranças das Casas Bahia, que frequentemente pedem identificação e me fazem passar por um cadastramento em um balcão da loja, antes que meu acesso seja permitido. Seria muito tranquilo passar por este “fichamento” caso todas as pessoas que conheço e que trabalham comigo também passassem, bem como as que não conheço e nunca conhecerei.
Estranhando a situação passei a perguntar aos meus amigos de trabalho, que por acidente da natureza nasceram quase todos brancos, ou dentro dos padrões considerados brancos no Brasil, se este tipo de situação ocorre ou já ocorreu com eles, a resposta em uníssono é sempre “Não, nunca nos pediram nada, entramos sem problemas”.
Em certas ocasiões os seguranças alegaram, que era pelo fato de eu vestir bermudas, porém em outras vezes em que vestia calças também tive o acesso dificultado. Chegando ao escritório encontrava amigas com saias na altura de minhas bermudas, e homens também com bermudas. Nenhum deles foram onerados por suas escolhas vestais.
A história não é nada nova, e dessa vez apenas aconteceu comigo. Abaixo segue o dialogo que marca o pico dessa tensão, e a minha constatação sobre as orientações discriminatórias e racistas oferecidas aos seguranças da loja.
Dia 12/12/2013, quinta feira passada, fui trabalhar no escritório novamente e fui interpelado por um seguranças desconhecido, perguntou, quem eu era, o que eu fazia e aonde ia, quando era obvio que eu ia em algum lugar no prédio, resposta mais apurada do que essa não era necessária, no entanto não foi a que eu dei, minha educação não permite um retorno “quase grosseiro” como esse. Respondi tudo, e devolvi:
- Mas por qual motivo você me faz todas essas perguntas ?
Ele (Wanderley Glauer – Segurança das Casas Bahia) - É por que aqui entram muito mendigos !
Eu ( Marcos Felinto - educador de ong) - Então pareço um mendigo?
Assim que essa conversa se iniciou uma parceira de trabalho chega e fica parada ao meu lado esperando o elevador e observando as injurias do segurança:
Ele (Wanderley Glauer – Segurança das Casas Bahia) responde – uhmm!!!, é que também tem o seu cabelo, parece rastafári!!!
Eu ( Marcos Felinto - educador de ong) – esse é meu cabelo, ele é assim crespo e longo e sua atitude é racista e discriminatória, diz como se meus traços fossem motivo de alerta.
Ao ouvir a palavra “racismo” Wandeley Glauer (segurança das Casas Bahia) se surpreendeu e disse sem saber para que lado se esquivar:
Ele (Wanderley Glauer – Segurança das Casas Bahia) – Mas você está sem crachá.
Eu ( Marcos Felinto - educador de ong) respondi – e você perguntou pra essa moça (branca) do meu lado sobre o crachá dela, você sequer questionou aonde ela vai, ela senta ao meu lado no escritório e você não a conhece também, no entanto o acesso dela ao prédio é completamente LIVRE. Por que você não pediu o crachá dela desde que ela chegou aqui?
Ele (Wanderley Glauer – Segurança das Casas Bahia) – Eu sigo ORDENS!!!
Eu ( Marcos Felinto - educador de ong) - A ordem é parar pessoas com o meu perfil?
Desconcerto, e falta de palavras para verbalizar aquilo que foge do script de um funcionário padrão pouco questionador. Sua resposta foi simplesmente facial.
Ele (Wanderley Glauer – Segurança das Casas Bahia) – Você está de bermuda!
Eu ( Marcos Felinto - educador de ong) - Ela não me faz assemelhar com um mendigo. E esta moça ao meu lado veste uma saia menor do que minha bermuda.
Elevador chegou subimos. Fiz o que tinha que fazer no escritório, desci, atordoado com o esse padrão sistemático e racista de perseguição que recaiu sobre mim e fiz uma queixa escrita e protocolada no administrativo das CASAS BAHIA.
Deixei contato, e até agora nenhuma resposta ou retratação oficial foi data, nem pelas CASAS BAHIA, que está ciente do ocorrido, nem pela empresa privada contratada pelas CASAS BAHIA, que neste caso é corresponsável pela situação vexatória.
O desconforto continua e o racismo continua velado em uma das lojas mais populares e insuspeitas do Brasil.
No piso térreo me dirigi ao segurança que me ofendeu e perguntei seu nome: WANDERLEY GLAUER, apenas para que eu guardasse, o mesmo alegou estarmos lidando com um simples mal entendido. Seu superior chegou e repetiu a mesmo tipo de dissuasão. Não satisfeito foi ao andar no qual trabalho, após minha saída intimidou outros funcionários da ong, no intuito de saber meu nome. Sem pestanejar amigos de trabalho cederam sabendo de todo o ocorrido e seguros da recorrência no erro e discriminação da parte das CASAS BAHIA.
Lá negro pode gastar, mas não trabalhar, não como todos os demais não negros.

Sobre os garotos no shopping internacional de guarulhos

ou "SOBRE OS DIAS QUE SHOPPING AINDA NÃO ERA DECORADO COM SACO PARA CADÁVER"

Já se passaram dois dias, não é mais novidade e também não foi a primeira vez que a sobreposição Juventude Periférica x shopping centers deu a merda que se pode esperar desse tipo de menina dos olhos do capitalismo, lembremos dos incidentes no shopping vitória (link) e shopping Itaquera (link).

O evento mais recente foi dia 16 de dezembro, no Shopping Internacional de Guarulhos, em que via facebook cerca de 300 garotos se reuniram lá. Para terror de elites endinheiradas, como se pode comprovar na reportagem asquerosamente elitista da fAlha de $.paulo (link). 


Então, começou a acontecer. As pessoas (Sim, PESSOAS) que são empurradas para as margens (os "marginalizados"), as pessoas que erguem e carregam nas costas esses pequenos "paraísos" decidam retornar para lá. Levam consigo toda sua carga histórica estampada cicatrizada na face, levam todo vácuo cultural, educacional que foi imposto a eles. Quem sabe assim bastante burguês, bastante classe méRdia pode conferir sem muitas escoriações o resultado da estrutura social que eles tanto defendem? 



Agora sobra um papinho mastigado-cuspido-mastigado-outra-vez-cuspido-outra-vez, de rezende, de datena sobre vergonha na cara, falta do que fazer, moral... a mesma ladainha de sempre que escrotos conservadores soltam quando querem dar um ponto final rápido na compreensão - compreensão visando solução - de qualquer assunto.

Mas e se fossem 300, 500 jovens da vila madalena, alto de pinheiros, alphaville (-Massacrem alphaville!-)...? Se fossem eles tomando todos os cantos do shopping, rindo, com canções brincando acerca de maconha (E algo parece dizer, "acho que playboy também fuma maconha...")
Será que a comerciante da reportagem também juraria que viu alguns deles armados? (algo me diz que "nem fodendo..."!)
Será que teria deles sendo tirados de dentro do shopping conduzido para a delegacia, levando chave de braço? será que teria foto nessa porra dessa fAlha de $.paulo expondo a cara do menor de idade (se fosse ele filho de executivo)?

Na canção do Lumpen, 
"ouça os gritos a luta de classes não acabou" 

A fome de consumo material é uma arma de calibre alto, bem municiada, que vem sendo usada na cabeça dessa juventude, por essas oligarquias, nessa luta de classes aí mencionada pelo Lumpen...



Felizes de nós, que tivemos cada um algum tipo de formação e estruturação, cada um à sua maneira, pra podermos estar aqui discorrendo sobre o ocorrido e que mesmo se tivéssemos, não gastaríamos nunca mil reais em tênis ou esse tipo de coisa...

Mas o ser humano é gregário, quer mostrar virtudes, habilidades, capacidades em seu meio social. Se desde épocas nem-se-sabe-de-quando, vêm fazendo uma lavagem cerebral generalizada dizendo que o "top" é quem usa a marca tal, tem o calçado isso, a roupa aquilo, o celular uvwxyz-ponto-cinco, e se insiste sistematicamente na anulação da personalidade, do espírito coletivo, apoio mútuo, solidariedade em geral...

Fatalmente que é com essas cartas que essa garotada aí - VÍTIMA desse amontoado de coisas e NÃO CULPADA por ele - vai jogar. São essas as únicas cartas que têm.

O curioso dessa situação na matéria, é que tendo jogado com exatamente TODAS as cartas que lhes foram dadas pra jogar...ainda assim os meninos foram tirados de cena. Como se explica isso...? Sem maconha, sem roubo, sem armas, sem resistência à prisão, sem violências, trajando até as vestes típicas do lugar... Como se explica, se não for RACISMO? 
E triste, tem mais olhares voltados a uma arruaça QUE NÃO ACONTECEU, do que a uma situação de exclusão e discriminação, QUE ACONTECEU com suporte e aparato corporativo e estatal.



Não demora muito e gente feito a empresária - do ramo de caminhões de mudança que jurava ter visto jovens com revólveres e que acha que "Tem de proibir esse tipo de maloqueiro de entrar num lugar como este", - desejará ardentemente voltar aos dias em que esses grupos de jovens apenas se reuniam nos shoppings, cantado suas canções próprias, rindo e querendo se sentir parte do todo... dias em que shopping não era paisagem montada com dezenas de saco pra cadáver. Na profecia sempre pontual do Facção Central "Enquanto era pobre desfigurado no caixão preto, vale o ditado: no cu dos outros é refresco. Só que o vulcão explodiu, entrou em erupção, e a lava que escorreu foi derreter sua mansão..."






[ AUTO-CRÍTICA ]
Sobretudo com quem se identifique com cultura punk hardcore, anarquismo, metal, socialismo e lutas anticapitalistas em geral, vou dividir um pensamento que me invadiu na perturbação da noite que antecedeu a construção desse texto e durante a própria construção dele...
Carregando o discurso impregnado do que mais enfrentamos, que é o da ostentação, com as marcas e todos os totens que louvam de jeito fanático ao capitalismo, arrastando cargas culturais odiosas feito machismo, esses meninos tem causado MAIS TRANSTORNOS aos setores capitalistas, ao estatal, ao privado... do que toda a cultura underground tem feito em décadas...

Tributo Brasileiro à Morte por Napalm...




"...evoluídos feito um..."
"...MALDITOS FEITO UM..."
Enfim, em nossa página de bandcamp a versão da faixa de abertura do álbum "From Enslavement to Obliteration", para a coletânea de tributo ao grande Napalm Death. Também segue nos parenteses uma aplicação que julgamos pertinente, com dados recentes (e perturbadores, claro...) da FAO sobre a produção e distribuição de comida ao redor do mundo, e que compõem um corpo maior de letra para uma versão estendida (mais de 17 minutos) que pretendemos utilizar em algum lançamento conjunto futuro... 


Eis a letra, com tradução e seguida dos dados...


"YOUR PRIDE... 
 WHY SHOULD YOUR PRIDE BE SO RESTRICTED? 
“esse seu orgulho ... 
  por que esse seu orgulho deveria ser assim tão restrito...? 

(O “Tacão de Ferro”: A ditadura mundial oligárquica, do capital financeiro globalizado, violentamente goela abaixo dos desnutridos do hemisfério sul.) 

RESTRICTED TO A MERE FRACTION OF THIS EARTH. 
restrito a uma mera fração desta terra...? 

(Não há controle para o Tacão. 52,8% do Produto Interno Bruto MUNDIAL nos tentáculos das 500 maiores corporações transcontinentais - as multinacionais. 
Nenhum papa, imperador, rei ou deus já foi tão poderoso...) 

THIS EARTH FROM WHICH WE HAVE ALL EVOLVED?
THIS EARTH WHERE ALL OF IT'S PEOPLE ARE DOWNTRODDEN?
esta terra do qual evoluímos todos...? 
esta terra em que todos são oprimidos...? 

(Ordem socioeconômica canibal. Massacre Sistemático, não um problema "natural". 
A humanidade perde 1% de sua população a cada ano... dessas, 18 milhões e 200 mil pessoas se vão por causa da fome ou de suas consequências diretas 

A cada cinco segundos uma criança é "assassinada de fome"; cinquenta e sete mil pessoas morrem por dia; das sete bilhões de pessoas, um bilhão sofre de subnutrição grave permanente com mutilações. 

Kwashiorkor...! 
Noma...! 
AIDS...! 

Pela primeira vez em todo o presente milênio produzem-se alimentos em escala suficiente para alimentação abundante de todos, contudo, apesar de todas as revoluções na indústria, tecnologia, eletrônica... ainda perde-se todo esse alimento sem o haver distribuído, 25% da perda somente no Hemisfério Sul.) 

DOWNTRODDEN BY ALL THOSE WHO STAND 
TO PROSPER FROM EXPLOITATION. 
oprimidos por aqueles que têm 
prosperado da exploração...? 

(No atual estágio de desenvolvimento, a agricultura mundial alimentaria facilmente a doze bilhões de pessoas, com duas mil e duzentas calorias por adulto ao dia. 

Governo estadunidense, OMC, FMI, exigindo o pagamento de dívidas externas de países dentre os 50 mais pobres do mundo, que não têm nem 4% de seus campos irrigados. Banco Mundial, por sua vez, faz o repasse dessas terras às multinacionais... 

Pisando nesses cadáveres para subirem a patamares de maior liberalização do capital, áreas de livre comércio expandidas, privatização de serviços fundamentais.) 

DOWNTRODDEN BY THOSE WHOSE SLIME INFESTS YOUR WEAK MINDS. 
oprimidos por aqueles cujo lodo infesta suas mentes adoecidas... 

(Dez grupos do tacão de ferro em 2012, produzem, armazenam, transportam, distribuem 85% de todos os alimentos do mercado mundial... 
Quem come e vive ou passa fome e morre nas mãos de monstros feito a 
Bunge, Nestlé... (A norte americana) Archer Daniels Midland(em 2008, no Brasil: onze autos de infração por água imunda a seus trabalhadores,por alojamentos inadequados, falta de equipamentos, transporte inseguro e armazenamento inadequado de agrotóxicos 
A norte americana Archer Daniels Midland, 2009, no Brasil: 184 trabalhadores escravos em condições degradantes...), Dreyfus Brothers... Cargill com 31,2% de todo o trigo comercializado no mundo em suas mãos e monopólio supremo na indústria da carne 

Somente na região do Brasil, treze milhões de pessoas, passando fome, com os 10% mais ricos ganhando 50 vezes mais que os 10% mais pobres; 43,3% da riqueza nacional em poder dos 20% mais ricos. Os 20% mais pobres se viram para sobreviver com 2,9% dessa riqueza.) 

--YOUR WEAK MINDS... 
-- suas mentes adoecidas...”

(Um sétimo da população mundial - 1 bilhão e 200 milhões de pessoas, "vivem" com U$1,25 por dia, apartadas de chances reais de adquirir alimentos de base, barradas na muralha dos preços que aumentaram 37% em 2011 e 2012... 

Ferramentas eficazes a curto e longo prazo, a reforma agrária e a promoção de programas como economia de subsistência, hectares de terra direto ao pequeno produtor para trabalho e investimento direto e contínuo de agricultura familiar, abandonados em masmorras burocráticas estatais e privadas.
No lugar, imperam os produtos diretos e óbvios da agricultura industrial: 
desemprego, êxodo rural e improdutividade. 
Seu reinado: 
depressão, loucura, egoísmo, destruição do próximo, tudo devido à fome calculada e organizada. 

Ordem socioeconômica canibal... 
Massacre Sistemático, 
não "natural"... ). 

"Por que o senhor atirou em mim"? Quem vai responder a pergunta do Douglas?

Minimamente falando, as ações de depredação recentes bra$il adentro assumem um caráter "pedagógico". Provado está que "um governo teme seu povo..." (do blablablá hollywoodiano) quando esse povo se faz ver. Provado também que não é necessário ser "black bloc" para se fazer perceber dessa forma e ainda que, dentro dessa constantemente convulsiva organização social, essas ações deixam os recados de que não suportamos mais e  também aos poucos surge algo como "não se metam mais conosco...". 
Mas segue a republicação do texto no blog de Negro Belchior em Carta capital, antes que discutamos sobre esses tristes incidentes do último dia 28/10/13... 

Jovem de 17 anos é assassinado por Policial Militar, na Zona Norte de São Paulo

“Cê viu ontem? Os tiro ouvi de monte! Então, diz que tem uma pá de sangue no campão.

‘Ih, mano toda mão é sempre a mesma ideia junto: treta, tiro, sangue, aí, muda de assunto (…)”

Por Douglas Belchior

Douglas Rodrigues podia ser meu aluno. Cursava o terceiro ano do ensino médio e trabalhava em uma lanchonete. Tinha só 17 anos. Nesta segunda (28), passava com o irmão de 13 anos em frente a um bar quando foi abordado por policiais, quando sofreu um disparo certeiro no peito. “Por que o senhor atirou em mim?”, teria perguntado ao PM, segundo a mãe, Rossana de Souza. Douglas foi levado a um hospital da região, mas não resistiu.
Os agentes averiguavam uma suposta denúncia de “perturbação de sossego”, segundo o Boletim de Ocorrência, por conta do som de um carro que tocava funk. “Ele deu o tiro dentro do carro. Não falou nada, não teve nem reação”, disse uma testemunha. Já o policial afirmou que o tiro foi acidental. Ele foi autuado em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
A equipe da Coordenação de Juventude, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos da cidade de São Paulo está em contato com a família e informou que oferecerá todo o apoio e orientação.
  
Quem vai responder a pergunta do Douglas?
Ele perguntou ao estado, ao poder, aos governantes: Por que atirou em mim? Estavam na Vila Medeiros para garantir o “sossego” da comunidade. O que isso tem a ver com tiros, truculência e terror? O tiro foi acidental? De novo? E no peito? Travestidos como acidentes, o fato é que a violência e a morte tem uma estranha predileção etária, étnica, social e geográfica: as vitimas são sempre jovens, negros ou pobres e moradores de periferias.
Queria mudar de assunto, como sugere o verso do Racionais, relembrada acima. Mas a realidade não deixa! Uma das principais reivindicações dos movimentos populares hoje no Brasil é justamente a desmilitarização das polícias e a consequente extinção da PM. Está provado que, em nome do Estado e dos interesses privados que o dirige, a PM existe para reprimir e matar negros e pobres.
Políticas públicas, por mais bem intencionadas que possam parecer – como é o caso do Juventude Viva, não darão conta do problema da violência urbana se não tocarem a dimensão da política militar genocida vigente. Como já descrevi num outro momento, O assassino não pergunta ao pretinho se é assistido pelo bolsa família; se está matriculado no curso técnico; se frequenta o projeto social da Ong do bairro; se foi cabo eleitoral do deputado eleito pelo distrito; se está inscrito para a prova do Enem; ou se já marcou a entrevista no balcão de empregos da central sindical.”  Exatamente como aconteceu com Douglas, o assassino cumpre, fardado ou a paisana, sua tarefa: ele mata! E depois faz uso dos instrumentos legais da carnificina, característicos da hipocrisia democrática que vivemos e alega resistência ou ação culposa, sempre “sem a intenção de matar”.
Aliás, esse é o argumento jurídico do Estado Brasileiro para negar o genocídio de sua juventude: “Não há a intenção”, apesar dos fatos. Mas o que importa ao morto ou a família do morto se houve ou não a intenção de matar? O que importa a intenção, se os velórios e a dor são irreversíveis?
Transfiro a pergunta de Douglas para vocês, Governador Alckmin e Presidenta Dilma, que preferiram o conforto do Palácio dos Bandeirantes a participação no lançamento do Plano Juventude Viva no último dia 25, no Campo Limpo, quando poderiam ouvir de nós as angustias e talvez – a partir de uma ação concreta, caro governador, evitar mais um assassinato.
Por que o policial atirou? Por que sempre atiram? A tropa obedece, o comando treina, a direção ordena e os chefes de estado se responsabilizam. Então respondam Alckmin e Dilma, porque Douglas foi assassinado? E até quando outros serão? E vocês, que se solidarizaram à PM imediatamente após a agressão sofrida pelo Coronel Rossi, o que tem a dizer agora?

Chega de hipocrisia. A PM mata negros e pobres todos os dias!
(Participe da Audiência Pública Sobre o Genocídio da Juventude Negra em SP)

Banksy + Hellshock

 " NENHUM AMANHECER PORVIR" 
Banksy? "Se a vida te dá manchas de óleo... FAÇA MOLOTOVS! "
Sem um amanhecer a vista
E esse céu escuro
Faz um mau para nossos olhos...
Você imagina se verá
O sol pela manhã mais alguma vez...?

Um calafrio percorre meus ossos
Não sei explicar essa sensação...
Se esse é o inverno de seu desgosto
Então temo de verdade pelo dia...

Bem sabe, tanto quanto eu,
porquê não consegue descansar...
Será que vai entender
que não há uma amanhecer porvir ...?

Penso comigo se alguém sabe
quantas sentenças de morte proferimos...
Uma fixação mórbida em nossas vidas:
Só valoriza o que tem, quando o perde...

Bem sabe, tanto quanto eu,
porquê não consegue descansar...
Será que vai entender
que não há uma amanhecer porvir ...?

Sinta sua jovialidade começando a se desfazer
E o planeta apodrece junto...
Faça o que tiver para fazer
e diga o que o que tiver para dizer...

Mas não se atreva a pôr a culpa em mais ninguém



Sobre senador Suplicy, Blocos Negros e Carta\Manifesto contra o militarismo

Muito mais punk do que o filho (e essa observação boba precisava mesmo ser feita) o senador Eduardo Suplicy esteve num foco de polêmica na quinta feira do dia 17, junto do tucano paulista de plantão Aloysio Nunes, ao fazer a leitura de uma carta a respeito da questão militar, escrita por um integrante dos Blocos Negros (confira). Obviamente você deve ter suas opiniões acerca do ocorrido, acerca  do senador em questão, acerca da coisa toda dos black bloc - assim como carregamos as nossas. Opiniões são muito bem-vindas, e também o é a opinião expressa na carta que já vem ganhando visibilidade na net e que reproduzimos a seguir.
"A violência militar e a defesa do patrimônio especulativo em detrimento dos direitos civis está consolidado na República Federativa Brasileira desde a sua proclamação. República essa que não surgiu do clamor popular, tampouco teve participação do povo na sua construção, mas que se deu através de um Golpe Militar no dia 15 de novembro de 1889.
O autoritarismo presente hoje na relação entre a Polícia Militar e a população, nos remete a uma pergunta: "Porque a segurança pública no Brasil ainda é militarizada?" - Simplesmente porque há uma guerra interna e histórica da "nação" contra seu próprio povo.
Fomos o último país a abolir a escravidão, e para coibir a emancipação dos povos escravizados, foi necessária a criação de uma polícia autoritária e violenta que até hoje continua a usar a força contra qualquer esboço de resistência.
A segurança pública não deve ser uma extensão das Forças Armadas, servindo a reboque da contraditória Lei de Segurança Nacional. Decidimos pelo fim dessa República Militar, onde as autoridades, seja em períodos ditatoriais como à luz da Democracia, sentencia uma ideologia fascista, onde o povo trabalhador é colocado como AMEAÇA à soberania nacional, justificando todo abuso de poder, tantas torturas em delegacias, o massacre de negros e pobres nas periferias, um sistema carcerário desumano, aonde a exclusão social é acentuada ainda mais, o genocídio étnico de centenas de tribos nativas, o desaparecimento de civis inocentes e etc.
É em memoria a essa realidade hedionda, de todas as chacinas do passado, como a dos Tupinambás, dos Tamoios, dos Palmares, de Canudos, dos Sem-Terra das ligas campesinas, dos dois mil Waimiri Atoari's desaparecidos na Amazônia durante o regime Militar de 64, da Chacina da Lapa, do Carandiru, da Candelária, de Corumbiara e Eldorado dos Carajás, da Chacina de 2006 em Nova Iguaçu, por todxs assassinadxs pela PM paulista também em 2006 e mais recentemente, pelas mortes de centenas de jovens, na sua maioria negros e sem nenhum envolvimento com o crime organizado, assassinados por milícias militares no estado de São Paulo.
Em reposta a tanta violência, a sociedade civil, a juventude, os trabalhadores indignados por trás de um capuz negro, reagem de uma forma NÃO essencialmente violenta, pois não sequestram, não torturam e nem matam, como é a prática extra-oficial das milícias militares. Esses mascarados estão apenas se defendendo de uma polícia que carrega em seu cerne o autoritarismo assassino do Regime Militar, e que não conseguiram assimilar os direitos conquistados pela Democracia vigente.
Exigimos o fim da Polícia Militar e sua mentalidade fascista que condecora quem mata pobre e coloca uma estrela em seu brasão a cada massacre feito em levantes populares. Não suportamos mais tantos tapas na cara, tantas coturnadas em porta de barracos, estupros como forma de intimidação, como ocorrido da reintegração de posse da comunidade de Pinheirinho.
Exigimos justiça, e que os torturadores de ontem e de hoje sejam punidos pelos crimes cometidos contra a humanidade."

07 de Outubro (e um pedido de desculpas...)

"Foi mal fessor PULIÇA!!!"
Pode ser do interesse de alguém, o caso dessa figura de ares humanistas, inteligente, humor refinado e muito bem situado ( O "tiago tiroteio"...) virou até notícia internacional. Veja por exemplo o link (AQUI)  de uma entrada de blog do New York Times... 
("sorry, dumbass!!!") 

Documentário "O Riso dos Outros"

NO DE QUEM É REFRESCO?


Acho importante mencionar que, postando uma referência desse vídeo, posso não estar reproduzindo a totalidade de opiniões de nosso grupo musical (OMdC). Contudo (eu, Augusto M.,) senti necessidade de fazê-lo, mesmo admitindo que tenha lá seus riscos.

Não é ironia, é fato e pode soar extremamente ofensivo pra muita gente. Eu me senti ofendido em tantos instantes, enojado em metade do vídeo mas na outra, me senti, sim, representado, defendido.
Assim como é o nosso cotidiano... 



Mas o documentário de Pedro Arantes, 50 minutos de duração, expõe bem os lados MUITO BEM DIVIDIDOS em torno dessa questão do "humor" e (merdas do tipo) "comédia" e "comédia stand up", o que é e o que não é ofensivo, e a falta de respeito com limites alheios...

Afinal de contas:
E isso de piadas com minorias? Bacana ou não-bacana?
A Liberdade de expressão está mesmo sendo ameaçada por alguma patrulha do politicamente correto?
Que porra é essa de "politicamente correto"?
Comédia tem relevância social e política? ( e responsabilidade social e política? tem?)

De qualquer que seja a forma, opiniões quanto ao vídeo em si e quanto ao tema são muito bem-vindas. 

Confere.
Passa pra frente.

Mais Médicos, Menos revista veja, menos globo, menos josé serra...

"O MILAGRE VEIO DE CUBA"
"OS CUBANOS SÃO BEM-VINDOS"
[ REVISTA VEJA EM 1999, A RESPEITO DA VINDA DE MÉDICOS CUBANOS PARA O BRASIL ]

A trincheira que divide nossas classes sociais podem bem ser representadas por um abismo, de modo que os de um lado mau podem perceber as nuances de quem está do outro. Nessa nossa representação, vamos acrescentar que um bom recurso para se fazer perceber é, por exemplo, o uso objetivo da mídia televisiva. Assim, embora não possam se ver e se escutar a olhos e ouvidos nus, pela tela a televisão a coisa muda. Um dos lados agora se faz ver e ouvir, defende seus interesses, lança seus argumentos... 
E quanto ao outro lado?
Sem chance. 
Sem poder econômico, não se faz ver, não se faz ouvir, não se faz perceber, não tem nuance. 


Estamos diante de uma destemida e aberta defesa de classe nesse instante tão específico da vinda dos médicos cubanos para atuação em áreas distantes no país. No lado de lá do abismo, a elite representada pela figura da "classe médica" (Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira) se desdobrou em gritos, ofensas, histeria; supôs-se uma tentativa de revolução marxista em território brasileiro (??), chacotas quanto ao grau de formação desses médicos, passeatas com seus malditos e ridículos cartazes cheios de dizeres típicos de twiter e facebook, comitivas trajando seus jalecos e equipamentos prontas para receber esses médicos no aeroporto e os vaiar - e isso é sério! ... 
Foto da página Brasil 247, médico cubano sendo vaiado.
(isso mesmo, esse é o nível imaturo e absurdo com que as elites tratam o assunto) 

Enquanto os do lado de cá do abismo vão sendo abandonados à morte como se fossem encarcerados de campos de concentração, deixados ao abandono sistemático, destruição de seu direito à vida, isso não parece ter qualquer relevância para quem endossa e participa desses protestos. Mas para não dizer que não dão importância, dão sim. Essas famílias são matéria-prima para essa indústria que lucra da miséria. Diferente dessa elite indignada, esses povos situados tão longe e sem nenhum atendimento médico não cogitam cor de pele, não cogitam nacionalidade, não cogitam nem classe social... Apenas querem atenção, atendimento e tratamento médico. Ponto. 

Um bom outro ponto a se mencionar e que vai passando batido  de todos é que essa prática/tática de busca por serviços estrangeiros de atendimento médico não é setorizada do Brasil - Lugares no mundo, bem mais favorecidos do que o nosso, feito Canadá, Austrália, Inglaterra têm desse mesmo modelo de ação - e também não é novidade no por aqui. Esse é o "bom outro ponto". 
A ala conservadora, tosca, paupérrima de argumentos válidos, encabeçada por figuras feito eliane cantanhêde, reinaldo azevedo, noblat... certamente tem a memória, a informação e o conceito de que anos atrás, sob comando de fernando Henrique kkkardoso o mesmo foi feito, em escala menor. À época, josé serra, então ministro da saúde,não considerava a medida  "destemperada" nem "um tiro no pé (...) um tiro de canhão, não (...) um tiro de revólver"...

A sempre irrisória e descartável revista veja (em sua eterna precariedade de termos e consistência), hoje chega aos cúmulos preconceituosos de tratar os cubanos trazidos para cá de  "escravos de jaleco do Partido Comunista", pérola de reinaldo azevedo... mas em sua edição 1620, de 20 de outubro  de 1999 tratou a vinda dos médicos para a região de Tocantins com tapete vermelho na recepção.  Em 99 foram mais de 100 médicos trazidos e que trabalharam por alguns anos, até que tiveram seus contratos revogados. 

"O milagre veio de Cuba". "Faltavam médicos que quisessem aventurar-se naquele fim de mundo". Daí, o município de Arraias "conseguiu importar cinco médicos da ilha de Fidel e, assim, abrir as portas do hospital". Em algum momento se lê que "os cubanos são bem-vindos"...

Em 2002, o Ministério da Saúde e o governo do Tocantins entraram em convênio com o Ministério da Saúde de Cuba e contrataram 210 médicos, 40 enfermeiros e oito técnicos cubanos para os hospitais públicos da região. José Serra era o ministro da saúde de então.

Contudo, agora não estamos mais sob um regime político que favorece redações feito as da veja ou d'o globo tanto quanto esses gostariam. Não que não favoreça, apenas não tanto quanto gostariam, à la tio patinhas nadando na piscina de moedas de sua caixa-forte.

Nesse meio tempo, para suprir o modelo adotado pelo país, em que o ideal é de 2,7 médicos para cada mil habitantes, precisaríamos contar com 168.424 profissionais a mais do que os que já tem. 
Será que temos noção de quando essa meta pode ser atingida, devido ao passo lento em que a coisa toda caminha?
Sim, temos sim.
2035.

Para que sua e nossas mães, seus e nossos filhos tenham alguma perspectiva de ser atendidos, na ótica da elite que tem comandado, mandado e desmandado os setores de saúde daqui, leva no mínimo 22 anos... 
Para a sorte do saudável e reforçado café da manhã dessas elites nossa desgraça, fedorenta, purulenta desgraça não pode ser sentida do outro lado desse abismo/dessa trincheira.


Referências para esse texto:
Brasil 247

Resenha de "Os Condenados da Terra"

 ERA COMO SE TIVESSEM DESLIGADO
O BOTÃO DA REALIDADE
POR TRINTA E TRÊS MINUTOS


"O primeiro ato dessa epifania suburbana deu-se dentro do túnel que dá acesso a Rebouças, já no final da primeira audição, num trecho em que se ouve uma declamação com voz de locutor, que destoa dos berros guturais da música toda. Eu estava com os vidros semicerrados, escutando aquele assovio sempre distante vindo das saídas de ar, parado em meio a montes de gente atrasada, motoboys buzinando e me perguntei o que eu fazia ali, dentro daquele túnel, naquela tarde de calor, com aquele bando de gente enfileirada em suas máquinas. Eu sabia o que ia fazer no centro, não é bem essa a questão. A pergunta era sobre o que diabos havia pra mim nisso tudo. Como os anos se passaram até que eu chegasse ali naquela escuridão do túnel, naquela claustrofobia comum."



Na primeira postagem duma série cujo brilhante título é " 'Cracking Music Chronicles' (que quer dizer algo como crônicas na tentativa de destravar o código do mundo por meio da música)" ( !!!!!! ) O Amigão da Vizinhaça Robson Assis fez uma resenha de sua experiência escutando nosso trabalho ("Os Condenados da Terra").



"No segundo ato, eu já estava próximo ao metrô Anhangabaú, parando de semáforo em semáforo, com os vidros fechados, prestando ainda mais atenção em cada trecho da música e ainda mais espantado com tudo. E ali no cruzamento da Sete de Abril fui tomado por outro devaneio desses que me levam pra muito longe. As pessoas andavam em câmera lenta, embaladas pelo ritmo quase fúnebre, envoltas cada uma em seu descaso predileto, um homem andava coberto por um lençol e comia um pedaço de pão, alheio aos timbres de guitarra que na minha mente o faziam macabro, cheio de raiva e desgosto. Mesmo as mulheres e crianças, bem vestidas e preparadas pro mundo me pareciam perdidas, desorientadas, distantes, frutos inconscientes de uma mente perturbada."



Muito particularmente, nunca tinhamos visto uma resenha desse porte e com esse tipo de inclinação contextualizada. Vá lá, você pode concordar que o álbum em questão é uma tranqueira, ok. Mas não há como dizer o mesmo da resenha.


Confere! Was No Jive!

O Dia Que Não Terminou









BADERNAÇO!!!

Indignação, movimentação social, cortina lacrimogênea, histeria coletiva, truculência militar, deturpação de mídia, viaturas capotadas em chamas, classe política totalmente ausente no momento de dar respostas...

A suposição de que os atos de depredação tenham partido dos setores de direita. A certeza de que a tensão se iniciou da parte policial. 

A tristeza na marca de um nome - "badernaço" - cunhado pela imprensa totalmente maniqueísta.


Sim, é a respeito do brasil mas, não, não é um relato sobre junho de 2013.

Se passou em 1986, na esplanada dos ministérios... 

Constate sobre a insatisfação popular que não é de hoje. Constate sobre como existem mãos pesadas da imprensa sobre essa apatia que não permite uma mobilização geral e mais agressiva. Mas acima de tudo,constate com toda clareza sobre como a polícia É, SEMPRE FOI, e SEMPRE SERÁ um órgão burro e, acrescente-se, desnecessário. 

[LINK AQUI]
direção de Marcelo Emanuel e Eliomar Araújo.
19 minutos 46 segundos de duração

O Uniforme da Descrença

"...vindo do semen podre que toda sociedade goza / 
sem nunca reclamar (e porque reclamariam?)

o ventre que se contorce não semeia mais sua vontade / 
Vivendo acuado, com medo, condenado / 
Encarcerado como borboletas em quadros de vidro / 
Com a vontade empalada no tronco da descrença...

Eufórico no caminho da ruína, continuo na carnificina/ 
A punição da humanidade é acordar para um novo dia..."

 Letra de Moaning Barkers, "A Poesia da Descrença"
Na foto, Vitor Ferreira, de Florianópolis.
Para adquirir uma camiseta: miranda.guto@gmail.com 

Em Apoio a Carlos Latuff


"PELO FIM DE GRUPOS DE EXTERMÍNO OFICIAIS 
COMO A rota E O bope,
QUE SÓ FAZEM MATAR PRETOS E POBRES"

A "perseguição temática" mais re
exemplo do tipo de babaca perigoso
que Latuff tem em seu encalço...
cente levantada contra Latuff envolve a expressão de opiniões sobre o tenebroso caso do assassinato do sargento da rota Luís Marcelo Pesseghini, a cabo da PM, Andreia Regina Bovo Pesseghini  e ainda a mãe da policial, Benedita de Oliveira Bovo, e a tia de Andreia, Bernadete Oliveira da Silva - tudo apontando para o filho o casal, de 13 anos, 
que posteriormente cometeu suicídio, M.E. Bovo Pesseghini.

Em provocação, Latuff comenta sobre premiarem com uma medalha  ao garoto - Um clara demonstração de um sentimento coletivo de insatisfação, repúdio, asco, contrariedade às forças militares e sua violência tão própria, entranhada e peculiar.

Para verificar muito do que o Cartunista-Ativista  vem sofrendo e o brilhante e genuíno modo com que vem se posicionando, melhor visitar sua página de facebook e sua página oficial de wordpress
Então, sem mais delongas, com a palavra, o Filho de Cearense Chucro de Nova Russas, de convicções firmes:

Era de se esperar que houvesse reação violenta diante da minha provocação de que o garoto que matou o pai, um policial da ROTA, merecia atendimento psicológico e uma medalha. No estado policial em que vivemos no Brasil, as organizações da repressão são alçadas a condição sacrossanta. Quem ousar denunciar seus abusos corre sério risco de vida. Isso não é novidade pra mim, desde 1999, quando fiz meu primeiro protesto contra a violência policial, realizando uma exposição virtual de charges intitulada "A Polícia Mata". Ao longo dos meus 23 anos de profissão como cartunista já fui detido três vezes por desenhar contra a truculência da polícia brasileira, e já recebi inúmeras ameaças, seja de judeus sionistas por conta de minhas charges em favor dos palestinos, seja de extremistas muçulmanos pelas minhas charges sobre a questão egípcia e síria. Portanto, ameaças fazem parte do meu trabalho.

Dessa vez, com as redes sociais, estas ameaças são potencializadas, graças a comunidades relacionadas a organizações policiais, que reúnem não só membros ativos das forças de repressão, como também simpatizantes com perfil fascista, anti-comunista, anti-petista, machista e homofóbico. É sabido que dois desses perfis, Fardados e Armados e Rondas ostensivas tobias de aguiar "Rota" estão incitando seus membros a tomarem ações violentas contra mim. E é bem possível que isso aconteça, afinal de contas, a polícia mata! Não seria eu o primeiro, e muito menos o último. Essa é a característica de nossas polícias, de nosso estado. E se acontecer, que sejam responsabilizados os administradores destas comunidades e o estado brasileiro.

Fico feliz que essa polêmica esteja acontecendo. Diante de casos como o desaparecimento do pedreiro Amarildo na Rocinha, e de tantos outros pelo Brasil, herança maldita da ditadura militar que torturou, matou e sumiu com diversos militantes de esquerda, é sempre bom discutir sobre a violência policial, que é um tabu que poucos tem coragem de tocar.

Me sinto orgulhoso de receber ameaças assim. Me sinto no mesmo patamar dos corajosos militantes do Mães de Maio e da Rede de Comunidades que cotidianamente se arriscam para defender as vítimas do terrorismo de estado no Brasil. Se eu tiver que cair pelo que acredito, cairei. Meu pai, um cearence chucro de Nova Russas, não me criou pra ser frouxo.

Espero que todo esse esforço não tenha sido em vão, ou termine com minha morte. Que os partidos de esquerda, PSOL, PSTU Nacional Partido Comunista Brasileiro - PCB (Oficial) PCdoB - Partido Comunista do Brasil Partido Comunista Revolucionario Partido da Causa Operária e os movimentos como a Liga dos Camponeses Pobre MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e o Mtst Trabalhadores Sem Teto e mesmo a esquerda do Partido dos Trabalhadores defenda sempre a bandeira dos direitos humanos e contra a violência policial.

Pelo fim de grupos de extermínio oficiais como a ROTA e o BOPE, que só fazem matar pretos e pobres. Pelo fim da "guerra contra as drogas". Pelo fim da filosofia militarista nas polícias.

Valeu gente! Não passarão!

Carlos Latuff
Cartunista
07 de agosto de 2013
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14 de Agosto: "Não é só pelos 20 centavos..."

É POR MAIS DE 400 MILHÕES NO BICO DO TUCANO
Esses título e subtítulo são ironias.
Seria somente repassada uma notícia veiculada em 30 de julho na página Brasil de Fato, sobre um chamamento para o dia 14 de Agosto, pelo Movimento Passe Livre  em parceria com o Sindicato dos Metroviários de São Paulo, para o ato a respeito do desvio de mais de 400 milhões no bico do tucano. E vale apontar que mesmo na página da Brasil de Fato consta algum resquício da visão de que se não está no centro de $p, não está em canto algum - mesmo que esteja pelas periferias! Aqui está sendo referida a expressão "Movimento Passe Livre (...) Voltará às ruas", sendo deixado de lado os trabalhos de base que vêm sendo feitos periferias adentro.
No caminho para repassar sobre a manifestação, eis a constatação, algumas pessoas ainda mantém a máxima serelepe de que "não é só  pelos 20 centavos..."  e disso, seguem-se os devidos encerramentos para a brincalhona frase: "é por milhões"; "é pelos 513"; "é pra um país inteiro mudar"...

Também acompanhados por uma cobrança gigante de que o MPL abrace outras pautas (Fora Renan, o curioso caso dos médicos-brasileiros-anti-médicos-cubanos, PECs...) como se fosse o MPL contrário ou mesmo omisso a outras causas. 
Vou entrando num campo até mais pessoal para mencionar que boa parte das pessoas erguendo seus cartazes com dizeres de que não se trata somente de vinte centavos - as de nosso convívio - não utilizam transporte público. 
Sim, esse dado tem importância e você certamente sabe qual é. 

O foco presente e persistente do movimento que visa o transporte público gratuito e de qualidade não é bem compreendido por uma parcela enorme de almeidinhas, que simplesmente ignoram a ideia de que os militantes se dedicam, estudam, averiguam, se preparam para atuar, reivindicar, debater, exigir dentro dessa esfera que por si só, é nada simples, toma tempo, toma energia vital como se pode perceber n publicação própria do MPL sobre o ato (link aqui)
Quem dirá se ainda se aprofundassem em mais tantas causas "exigidas"...
Cobra-se assim, talvez até sem se dar por perceber, uma postura mais superficial do MPL.

Um postura superficial, plano de fundo perfeito para rede globo ou revista veja proliferarem alguma outra abstração feito maycon freitas. 

Fora toda essa merda, coloquemos o dia 14 de Agosto com bastante carinho em nossas agendas. O objetivo é cobrar a apuração das denúncias da multinacional alemã siemens, responsável por delatar um esquema de corrupção nas licitações do metrô, majoritariamente ocorrendo nas seguidas gestões psdb. Haverão mais informações sobre o ato por volta do dia 06.

Sempre houveram correntes contrárias às reivindicações populares. 
Essa visão abobalhada classe méRdia não é a primeira com que o povo já se deparou.
E certamente nem é das piores.

Manifestações no dia 30/07 em $p: De alckmin a Amarildo


SOBRE INFESTAÇÕES E DEFESAS DO ORGANISMO


 Uma infestação biológica vai agindo e as defesas do organismo atacado agem contra esse avanço.
Fica a seu encargo: quem considera como infestação e quem considera como sendo as defesas do organismo - e até mesmo quem representa o organismo! - nessa representação dos eventos últimos de 30 de Julho (2013).

Uma manifestação em repúdio a geraldo alckmin. Não que em uma única manifestação se possa demonstrar todo o repúdio.
Não houve convocatórias de facebook, de twiter.
Nos últimos momentos das manifestações de junho, uma vaga de caras-pálidas de listinhas verde e amarelo nos rostos bradavam que haviam saído do facebook - sendo que o que testemunhamos em pessoa foi que nos últimos instantes das manifestações ali já tornadas em espécies de carnafacu passaram a levar o facebook pra rua, quer em seus celulares caros, quer em seus cartazes.
Que se confesse, para bem ou para mal, que isso de cartaz tem sido um porre. Me perdoe se isso te ofende, te contraria mas tornou-se quase idêntico a uma página inicial da já mencionada rede social.
Mas dessa vez, não houve o caráter pop de fins de Junho, não havia essa predominânia de cartazes no centro de $ão paulo.
Não sendo possível um cara-a-cara com alckmin, os alvos, claro, foram da parcela que ele representa e que a ele representam e se representam mutuamente MUITO BEM: as concessionárias de automóveis, agências bancárias e afins.
Nenhum alvo civil. Claro, há sempre a chance de algum incidente isolado, mas nem mesmo uma final pacífica de campeonato, nem mesmo a marcha pra jesus está isenta disso. Porém, não foi o alvo.

Foram cerca de vinte os detidos. "Moeda do Jogo", assim como também é moeda nesse jogo o terminal bancário em pedaços, pedrada em vidraça e policial em chamas (<3), só que a moeda de quem vai detido sempre sai bem mais custosa. Importantíssimo, quase vital nesse momento é que se gere informação desligada da grande mídia, um movimento contrário às suas defesas constantes de interesses próprios e específicos disfarçados de valores humanos (que quando muito não passam de valores morais que só servem ao que sempre serviram, nada de novo nessa chibatada).

Em um exemplo de verdadeira unidade - daí entenda como unidade nacional, entenda como unidade humana, entenda como quiser, mas entenda que é uma unidade que transcende a unidade da segurança contida nesses nossos monitores de computador, transcende essa unidade de movimentos rotineiros de escritórios e linhas de produção e secretarias - foi constantemente lembrado o caso de Amarildo Dias de Souza, 42 anos, o Pedreiro no rio de janeiro, pai de seis filhos, desaparecido após passar pelas mãos das unidades pacificadoras - assim, "simplesmente" "evaporado"!...

E já são tantas e tantos Amarildos... Em tantas bordas diferentes espalhadas país adentro...
Pois que soe difuso a alguém que se venha a mencionar um caso de desaparecimento do rj em $p. O que se fazia sabida e claramente nas noites da ditadura, ainda se faz nas noites de agora em que as larvas do intestino da ditadura sentam elas mesmas em cadeiras de comando.

Não sei se me é propício tentar sugerir algo, não sei mesmo, mas vamos lá, sugiro o que grita o consciente coletivo.
Até que sejam dadas respostas claras sobre Amarildo Dias de Souza e a respeito de cada "Amarildo" que houve e que está havendo nesse instante perdido frente a esse texto, que não sobre uma vidraça inteira, um terminal bancário em pé, que não haja um pm sem hematomas e queimaduras e que estejamos todos com nossas devidas fichas honradamente sujas - pese o que pesar.

Temos nessa tentativa de entender esse momento histórico dois estereótipos bem manjados .
Um é o homem, burguês, branco, heterossexual, cristão.
O outro é o pedreiro, pardo, da periferia.
E que desapareceu mediante contato com a polícia.

Um deles é infestação, invasão biológica e o outro é defesa do organismo.
E você aplica a figura de linguagem como achar propício.

O Tucano é o Abutre


QUATROCENTOS 
E VINTE E CINCO
M I L H Õ E S
de reais...

E isso, apenas no apurado até o momento...

Caso não seja o suficiente, ainda tem incêndios criminosos com destruição de documentos comprometedores e até hacker invadindo página contendo denúncia e apagando textos, tem. 

Além, claro, daquele porte mafioso quase cinematográfico que sempre soubemos...


"Ao analisar documentos da Siemens, empresa integrante do cartel que drenou recursos do Metrô e trens de São Paulo, o Cade e o MP concluíram que os cofres paulistas foram lesados em pelo menos R$ 425 milhões'"



[Link aqui para página da Isto É ]